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10 Abr, 2020

CORAÇÃO DE NOIVA – Quando adiar é imperativo…

Em todos esses momentos nos questionávamos se seria possível o casamento acontecer, mas sempre tínhamos a convicção de que tudo daria certo e iríamos manter o planejado.


Conheci a Ju no órgão em que trabalhávamos juntas. Quando nos aproximamos, vi que estava diante de uma dessas oportunidades únicas, sabe? Parecíamos muito uma com a outra e logo nos identificamos. Quando descobrimos que havíamos feito o mesmo curso na mesma universidade, aí então, estávamos mais que unidas: profissionalmente, pessoalmente e academicamente… tínhamos muito em comum.

Outra coisa que nos uniu muito foi o fato de que ela, como eu, namorava à distância. Eu tinha acabado de me casar, mas ela ainda estava nessa luta de conviver com a saudade e as imensas conversas telefônicas (Lembra Ju?).

Quando ela ficou noiva, meu coração estava com a minha amiga e sonhamos muito juntas enquanto ela planejava o grande dia. Foi uma honra para mim dividir essas etapas e um privilégio poder ter desenhado os convites e a papelaria dela. Sofri junto quando ela teve que adiar o casamento… Mas deixemos que a Ju fale por ela, né? Afinal, a garota escreve que é uma beleza!


COM A PALAVRA, A NOIVA:

Me chamo Juliana, sou casada com o Rafael há 4 anos. Nos casamos no dia 20 de fevereiro de 2016. Mas essa não era a nossa data oficial de casamento. Ficamos noivos em 15 de junho de 2014 e organizei meu casamento todo com antecedência. Para nós era muito importante casar entre dezembro e janeiro, pois o Rafa é atleta e esse era o período de férias entre as temporadas do esporte dele e de grande parte dos nossos padrinhos e convidados. Fazíamos questão que a data tivesse um significado para nós, por isso escolhemos o dia 19 de dezembro de 2015. O nosso primeiro beijo aconteceu em um dia 19, além de ser o número que o Rafa usava para jogar.

Organizei todo o casamento com antecedência, mas um episódio inesperado nos pegou de surpresa. Em outubro de 2015, o Rafa sofreu uma grave lesão em um jogo, rompendo os ligamentos do joelho. Com isso, nossa vida virou de cabeça pra baixo, ele ficou afastado dos jogos, apenas tratando e esperando uma cirurgia. Ele foi operado no meio do mês em novembro, faltando um mês para o casamento. Cerca de 10 dias após sua cirurgia eu tive apendicite, já no início do mês de dezembro, faltando 20 dias para o casamento.

Em todos esses momentos nos questionávamos se seria possível o casamento acontecer, mas sempre tínhamos a convicção de que tudo daria certo e iríamos manter o planejado.

Entretanto, 10 dias após a minha cirurgia, por volta do dia 09/12/15, o Rafa começou a ter febre, muita dor e o joelho estava inchando muito. Nesse dia, eu tinha consulta para retirar os pontos da minha cirurgia, estávamos ainda em São Paulo e ele foi ser avaliado pelo cirurgião dele. Quando liguei para dizer que estava liberada para viajar para o casamento, ele me deu a notícia de que estava sendo internado para tratamento de uma infecção no joelho. Já internado, teve que passar por uma outra cirurgia para limpeza interna do joelho e uma semana antes da data do casamento, o médico nos confirmou que se tratava de uma infecção hospitalar, que ele adquiriu na primeira cirurgia e precisaria ficar pelo menos 7 dias internado, pois caso não fosse combatida, o joelho e a vida dele estariam em risco.


Com isso, em meio a toda essa turbulência, tivemos que adiar o casamento que vinha sendo preparado há 1 ano e meio, faltando apenas uma semana para o grande dia. Os convites já haviam sido entregues, todos os contratos com fornecedores estavam quitados, assim tivemos que avisar todos os convidados e cancelar com todos os fornecedores. Contamos com a ajuda das nossas mães para avisar a todos do ocorrido, entramos em contato com os convidados por uma lista de transmissão do whatsapp, em que avisávamos do adiamento ainda sem uma nova data.

Em relação aos fornecedores, eu mesma fiz questão de ligar para cada um, começando pelos contratos mais altos, depois contei também com a ajuda do meu cerimonial para isso. Minha primeira escolha foi ligar para o buffet, a fim de que não fizessem as compras, devido a proximidade da data, e para a casa de festas.

Naquele momento, eu não pensava em mais nada, adiei com grande sofrimento, muito choro, mas minha única preocupação era com a vida do meu noivo.

O Rafa ficou internado por 10 dias, saiu do hospital no dia em que nos casaríamos, com um cateter, por meio do qual ficou tomando um antibiótico na veia por mais 43 dias, sem poder sair de São Paulo.

Todos os fornecedores foram bastante compreensivos. Mas achávamos que a dificuldade seria em conseguir uma nova data com todos eles, pensávamos que precisaríamos nos casar em um dia de semana, mas as datas foram surgindo e conseguimos remarcar para o dia 20/02/16, um sábado, dois meses depois da data inicial. Tivemos a preocupação de remarcar logo, tendo em vista que tudo já estava pago.

Graças a Deus conseguimos remarcar com TODOS os fornecedores, sem a cobrança de multas ou ajuste de valores. A única alteração que precisou ser feita foi a Igreja, inicialmente nos casaríamos na Paróquia Nossa Senhora do Lago, mas ela ia entrar em reforma e precisamos então procurar outro local. O mais engraçado é que quando começamos a procurar o local do casamento, nosso sonho inicial era casar na Catedral, pois gostávamos muito do local e somos devotos de Nossa Senhora Aparecida, mas para a data de dezembro não tinha mais disponibilidade de horário, motivo pelo qual fomos atrás de uma segunda opção.

Até no nosso ensaio de casal, fizemos questão de fotografar na Catedral, por gostar muito de lá. Quando o casamento foi remarcado, meus pais foram à igreja que nos casaríamos e me avisaram que não estavam agendando casamentos pois entrariam em reforma.

Minha iniciativa para a remarcação foi primeiro verificar com a casa de festas e o buffet as novas datas disponíveis, para depois ir ajustando os demais fornecedores. Com as datas da casa de festas e do buffet em mãos, pedi então a minha mãe que procurasse outras Igrejas com disponibilidade para essas datas. Coincidentemente (na verdade acredito na providência divina) tanto a casa de festas como o buffet tinham a data  do dia 20/02/16 disponível. Foi então que minha mãe me ligou e disse que a Catedral, a igreja dos nossos sonhos, também tinha a data disponível, mal pudemos acreditar, para nós foi uma confirmação de que aquela era a nossa data, não a escolhida por nós, mas a que Deus escolheu.

Para nossa surpresa, ao entrar em contato com os demais fornecedores, todos tinham a data disponível, e a única mudança necessária foi a decoração da Igreja, pois já havia um outro casamento marcado na Catedral com decoração fechada (eram 2 casamentos por noite que deveriam compartilhar a mesma decoração). Na Igreja que me casaria inicialmente, também compartilharia a decoração com outra noiva, que foi extremamente compreensiva e não permitiu que eu ficasse no prejuízo. Como ela utilizaria a Igreja da mesma forma, arcou com o custo total da decoração e eu negociei com a empresa de manter apenas o meu buquet com eles.


“O que podemos compartilhar da nossa experiência é que Deus cuida de todas as coisas sabe delas melhor do que nós. Nosso casamento foi ainda mais especial, com detalhes importantes que não teriam acontecido na data inicial.


Se você está pensando em como será o seu casamento, porque teve de adiar, olha essas dicas:

O que podemos compartilhar da nossa experiência é que Deus cuida de todas as coisas sabe delas melhor do que nós. Nosso casamento foi ainda mais especial, com detalhes importantes que não teriam acontecido na data inicial. Desde a Igreja dos sonhos; a móveis novos que a casa de festas recebeu e eram ainda mais a minha cara; passando por uma mudança da decoradora da casa de festas, que estava sendo substituída, e me identifiquei muito mais com a nova, que fez tudo ser um sonho; até uma benção do Papa que recebemos e não teria chegado em tempo da primeira data.

Confiem que o casamento de vocês será ainda mais especial! Tomamos apenas a precaução de deixar documentado por email a situação de adiamento e a concordância de cada fornecedor. Para nós foi infinitamente melhor adiar e remarcar com os fornecedores do que cancelar, não tivemos quase nenhum gasto com o adiamento.

Optamos por não refazer os convites impressos, como todos já estavam distribuídos, seria um gasto em dobro. Assim, fizemos um convite virtual com a nova data e enviamos aos convidados.


Esperamos, sinceramente, que esse depoimento tenha te dado esperança… Ninguém sabe o que o futuro reserva, não é verdade? Então vamos confiar que será lindo, melhor ainda, será maravilhoso.

Ficou querendo saber como foi o casamento da Juliana e do Rafael? Só esperar o próximo post! A gente ainda tem muita coisa pra te contar… ♡ e muita esperança para dividir!

TIME DOS SONHOS:

Fotografia: Hevérson Henrique; Local para ensaio da prévia: Mansão dos Arcos; Plaquinhas no ensaio urbano: Nós Por Dois; Cabelo e Make: Tabita Meirelles

12 Mar, 2020

CORAÇÃO DE NOIVA – O que há para amar em um casamento

Ela acendeu a luz da cabeceira, um pouco confusa, olhos entreabertos. De forma alguma conseguia esquecer que dia era hoje. Era o dia. O Grande Dia – e essa era a razão de estar acordada.

Sentada na cama, passou os olhos pelas paredes brancas até a escrivaninha. Os livros da faculdade ainda estavam ali, ainda não encaixotados. Mais uma coisa para resolver depois que voltasse de viagem. Era esquisito pensar que a partir de hoje, aquela não seria mais a sua casa, embora, de verdade, nunca fosse deixar de ser.

Calçou suas sandálias e finalmente conseguiu se levantar. O celular piscava da escrivaninha e ela sabia que eram mensagens que não tinha conseguido ler da noite anterior. Parecia que nunca tinha tempo para nada. Os últimos três meses tinham sido tomados pelos preparativos daquele dia e divididos entre o trabalho, a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, a família e o noivo. Sendo sincera, nem tanto para o noivo.

Confusa e um pouco tonta, se levantou da cama e caminhou até o banheiro. Olhou-se no espelho… Estava estranha. Era a palavra que mais tinha vindo à sua mente quando se olhava no espelho ultimamente. Estranha. E definitivamente não era assim que tinha sonhado se sentir. Não mesmo.

Ela tinha sonhado um dia encantador, em que ela estivesse encantadoramente deslumbrante, cheia de positividade para compartilhar… um monte de alegria para dividir. Mas tudo tinha se tornado uma bola confusa de compromissos, reuniões, tarefas e intermináveis preocupações. Como ela poderia estar bem hoje? Como poderia estar tranquila? Como poderia não estar estranha?

A palavra estranha ecoava na mente, enquanto ela lavava o rosto. Ainda era madrugada e as bolsas nos olhos não mentiam: não havia dormido nada aquela noite. Mas era preciso levantar… Afinal, que horas eram mesmo? Voltou ao quarto e conferiu no celular: 4h30. Ela só precisava se levantar dali a três horas, mas a ansiedade tinha ocupado a cadeira do sono e era impossível dormir assim.

Ele não sabia do que estava falando… o que iria dizer se visse essa moça desgrenhada, com uma olheira gigante, chorando enquanto ria e rindo enquanto chorava?

Lembrou de uma época em que a avó a colocava para dormir. Ela se sentava numa cadeira junto à cama enquanto cantava uma canção. Depois levantava da cadeira e dava boa noite com um beijo. Sempre deixava o quarto dizendo que agora ela podia dormir, porque o sono iria ocupar sua cadeira. E era fácil dormir naquela época… Agora, a cadeira ainda estava no quarto. Mas a vovó não.

Passou pela cadeira da vovó e, de novo, se sentou na cama. Ela mal tinha percebido, fazia pouco sentido, mas estava chorando. E, por dentro, mal sabia o porquê das lágrimas. E assim era difícil, muito mais difícil resolver a situação. Escolheu se deixar chorar… também porque não tinha opção.

Parecia que cada lágrima puxava umas outras três e, no meio do turbilhão de pensamentos – as caixas da mudança, as mensagens no celular, a nova vida que iria começar, a ausência da vovó naquele dia tão especial, as olheiras – ela começou a rir… Riu porque se lembrou do noivo e do que ele havia dito no dia anterior: “eu me casaria com você, mesmo que você estivesse feia. Mesmo que você estivesse doida. Mesmo que eu estivesse doido.”. Ele não sabia do que estava falando… o que iria dizer se visse essa moça desgrenhada, com uma olheira gigante, chorando enquanto ria e rindo enquanto chorava?

Ele a amava. E ela também o amava. Desde aquele dia em que ela sentiu o coração arder um pouquinho quando ele disse que ia viajar por dois meses para fazer um intercâmbio, ela soube: amava esse cara, para a vida toda. Quando ele a pediu em casamento exatamente um ano depois e explicou o porquê, ela teve certeza. Ele também tinha sentido o coração arder… foram feitos um para o outro.

Aos poucos, ela sentiu que só tinha ficado o sorriso e as lágrimas tinham parado. O coração se acalmou. Talvez devesse dormir agora. Ela se deitou e se cobriu. Apagou a luz da cabeceira e quase que imediatamente acendeu de novo. Aquele telefone piscando não a deixaria dormir. Se esticou na cama para alcança-lo na escrivaninha. Clicou sobre a notificação das mensagens e, para a sua surpresa, leu:

“Amor, passou da meia noite, chegou nosso grande dia. Você deve estar dormindo, porque sei que é mais calma que eu… Mas eu fiquei pensando e os meus pensamentos estão embaralhados, sei lá. Vai que não está… rs Eu estou me sentindo tão estranho, linda. A única coisa que acalmou meu coração foi pensar em quando meu coração ardia quando pensei que iria ficar longe de você. Por isso decidi mandar essa mensagem pra te dizer que te amo. E que, apesar de eu estar estranho hoje… estou ansioso para viver não só esse dia com você. Vamos estar por perto um para o outro para sempre. Orei por nós dois. Bjo”

Ela sorriu de novo, imaginou como seria dormir todo dia no colo do amor da vida dela. Pensou que toda noiva era doida. Mas que, finalmente, tudo aquilo iria acabar… mas que também era só o início. Tudo parecia uma loucura, mas havia alguém com ela. Alguém por ela. Havia ALGUÉM para amar no casamento, mesmo que as COISAS desandassem. Ela sorriu. E dormiu também.